Teatro Positivo: Bravíssimo

Fonte: Construção e Negócios

Desde a Antiguidade clássica, a arquitetura grega influencia o mundo ocidental. Não é à toa que em boa parte das grandes cidades do mundo existem edificações com inspiração naquela arte. Em Curitiba, o peculiar e engenhoso modo de construção dos gregos serviu de ponto de partida para o Teatro Positivo, assinado pelo do arquiteto Manoel Coelho.

Instalado no campus da Universidade Positivo, o projeto para construção do teatro teve seus estudos iniciados em 2005. Na época, o planejamento previa a configuração de palco no estilo clássico italiano, com plateia, primeiro e segundo balcões; em 2006, porém, a edificação tomou outro rumo após uma viagem do reitor da instituição à Grécia, quando conheceu o Teatro de Epidauro, famoso por sua acústica perfeita e formato de anfiteatro em semicircunferência – nova referência para a retomada da obra.

Com 2.400 lugares, o Teatro Positivo é considerado o maior teatro privado do país e um dos maiores da América do Sul. Além da grandeza, o empreendimento impressiona por sua infraestrutura cenotécnica e acústica, elogiada inclusive por maestros internacionais. De acordo com o arquiteto Manoel Coelho, a construção já estava prevista no plano diretor do campus. “A localização é privilegiada, ao lado de um bosque nativo preservado e em frente ao lago central, com fácil acesso externo por parte do público”, explica.

No que diz respeito às intervenções no terreno, Coelho explica que foram mínimas. “A implantação adotada tira partido da declividade acentuada, presente no terreno em direção ao lago”, descreve. A solução ajudou a assentar o edifício no solo e estabeleceu níveis de acesso e curva de visibilidade ideal para a plateia. Segundo o arquiteto, entre as dificuldades na execução das fundações estavam justamente os níveis de implantação do edifício: o fundo do fosso da orquestra e a área técnica tiveram de respeitar limites de cotas em função da baixa profundidade do lençol freático do lago.

O projeto também valorizou a estrutura mobilizada em espetáculos de grande porte. O embarque e desembarque de equipamentos e cenários foi facilitado com a construção de uma doca que possui ligação direta com o palco, o que pode diminuir em até dois dias a montagem de um espetáculo e eliminar a necessidade de grandes equipes de montagem.

O palco possui 18 metros de boca de cena e 17 metros de profundidade. O proscênio possui fosso móvel para orquestra, bem como fosso cênico com quarteladas móveis e coxias. Também há duas telas laterais de 120 polegadas, além de projetores multimídia. No fundo há uma abertura para o lago, o que possibilita produções ao ar livre ou a transformação da plateia em dois setores (interno e externo). Nas laterais foram usadas janelas que permitem a entrada de luz natural.

“O intuito dessas inovações é mostrar que o teatro está em harmonia com o ambiente externo e oferece condições para que os produtores criem e utilizem novos recursos artísticos nos espetáculos ali realizados. Por exemplo, eu sempre imaginei que, durante um espetáculo noturno, as janelas laterais da plateia poderiam estar abertas e visualizaríamos o bosque e o lago que se integram aos edifícios da universidade.


A estrutura principal do Teatro Positivo, com cobertura, foi executada em concreto e possui palco em aço. A fachada ventilada com sistema de grampeamento confere nobreza à identidade do edifício. As esquadrias de vidro são do tipo structural glasing e a marquise é em alumínio composto na cor prata.


Os principais revestimentos utilizados foram painéis em vidro e madeira, arenito vermelho do Paraná e granito. A cobertura foi trabalhada com telhas metálicas zipadas com isolamento termoacústico. Na estrutura do forro acústico utilizou-se madeira.


Inspirado no Teatro Epidauro, o empreendimento conta com poltronas em semicircunferência. Os fechamentos internos contam com carpetes, couro, painéis de madeira e vidro. Os projetos de iluminação, som, cenotécnica e acústica contaram com consultoria de profissionais especializados, coordenados pelo escritório de Manoel Coelho.


O ar-condicionado conta com um sistema de resfriamento do tipo água gelada e dutos que distribuem rede de difusores em todos os ambientes. Na plateia as bocas difusoras de ar possuem filtros redutores de ruídos e estão posicionadas na periferia do espaço para evitar conflito com os painéis acústicos do forro principal.


No fundo do palco, um espaço destinado à doca, onde são carregados e descarregados equipamentos para a montagem. O empreendimento conta, ainda, com elevadores em diversos níveis da edificação, facilitando a acessibilidade em todos os setores da plateia, banheiros, palco e fossos.


O projeto urbanístico se integra ao planejamento do campus, priorizando facilidade de acesso do público ao edifício, estacionamentos e áreas de carga e descarga.

Ficha técnica
Local da obra: 
Campus da Universidade Positivo (Curitiba – PR)
Tempo da obra: 9 meses
Arquitetura: MCA Manoel Coelho Arquitetura e Design
Construtora: Construtora Ferreira Filho
Área construída: 6.000,00 m2
Concreto: Supermix
Aço: Gerdau
Esquadrias: Serralheria Menino Deus
Ar-condicionado: Flowtec
Luminárias: Iluminitec
Metais sanitários: Deca
Fachada: Cecrisa (pastilhas) e arenito vermelho do Paraná (revestimento de Pedra).
Marcenaria: Fábrica de móveis Gnoatto

Texto:
 Karla Soares

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